sábado, 9 de janeiro de 2010

"Metalinguando"



Esta redação foi destacada como exemplo de criatividade por uma corretora de redações da FUVEST em uma palestra a estudantes de Letras . Bem interessante. Infelizmente não sei o nome do autor. Contudo, vale a pena ler...


Escrever...

Um aluno diante da prova de redação do vestibular, praticamente paralisado. Um cronista conhecido debruçado, às três da manhã, sobre a folha que, embora ainda vazia, deverá estar cheia e bem cheia (qualitativamente falando), sobre a mesa de um editor em menos de cinco horas. O que duas figuras tão diferentes, porém tão igualmente angustiadas, têm em comum? Simples. Ambos têm um trabalho de Hércules a cumprir: escrever!
A dificuldade de escrever tem sido tema de um número não muito pequeno de autores, alguns anônimos, outros conhecidos e reconhecidos. São raros os autores que nunca tenham feito referência, mesmo que sutil, a essa missão quase impossível que é escrever.
As preocupações variam. Nós, pobres mortais, temos preocupações básicas: a gramática, a estrutura, o tema, o título. Ah, o título! Este é o campeão das preocupações do "escritor pobre mortal". Por isso, não é raro nos esquecermos dele, sintoma de algum processo de rejeição... Talvez a psicanálise explique...
Por outro lado, existem as preocupações mais apuradas, aquelas a que se dedicam os grandes mestres da arte: a métrica, a forma, o estilo. O cuidado com as figuras de linguagem, já que qualquer erro pode transformar um pleonasmo de figura em vício de linguagem por excesso de repetição. São perigosos os caminhos da Língua.
Mas há uma preocupação que é fundamental, que atinge indistintamente todos os autores (ou similares), que é o leitor. O leitor aparece em todos os pesadelos do autor, seja o leitor anônimo das grandes bibliotecas, ou o corretor da redação do vestibular (este principalmente). O leitor é o X da questão , é aquele a quem devemos nos dirigir e, no entanto, não sabemos quem é, o que pensa, ou o que espera de nós. Pensando nisso, podemos chegar a uma conclusão bastante interessante. Não é à toa que grandes nomes de nossa literatura se utilizam do leitor virtual. Isso o torna, se não íntimo, pelo menos conhecido. O que, convenhamos, jé é alguma coisa.
É, a arte de escrever necessita mais que arte. necessita manha, Arte e manha. Artimanha.

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